Poucas candidaturas presidenciais e iniciativas políticas têm o
condão de, numa forma tão cristalina e reveladora, reflectir a realidade e o
mundo em que se propagam como a candidatura de Donald Trump à presidência dos
Estados Unidos da América.
A popularidade granjeada e conquistada pela ignorância, pela
estupidez, pelo preconceito, pela vaidade narcisista e pela ganância
avassaladora, escamoteadas por um moralismo hipócrita e um puritanismo
demagogo emanados de um catolicismo torpe e fanático, é uma representação
perfeita deste mundo em que vivemos e dos valores e princípios que lhe
subjazem.
Quando Trump ameaça construir um muro na fronteira dos EUA
com o México para impedir os mexicanos, a quem apelidou de ladrões e
violadores, entrar nos EUA, Trump sobe nas intenções de voto e na simpatia e empatia
geradas com o seu eleitorado.
Quando Trump exige a Barack Obama que exiba a sua certidão
de nascimento para provar que nasceu nos EUA só porque este último é preto e
tem as orelhas grandes, Trump sobe nas intenções de voto e na simpatia e empatia
geradas com o seu eleitorado.
Quando Trump, que defende a produção e os produtos
norte-americanos, é confrontado com o facto de ter feito fortuna com produtos
fabricados por mão-de-obra infantil explorada no Vietname, Tailândia, Cambodja
etc., Trump sobe nas intenções de voto e na simpatia e empatia geradas com o
seu eleitorado.
Quando Trump, que se gaba de ser um dos homens mais ricos
dos Estados Unidos e faz da ostentação dessa riqueza um estilo de vida, admite
não pagar impostos há mais de 20 anos, Trump sobe nas intenções de voto e na
simpatia e empatia geradas com o seu eleitorado.
Quando Trump vê exposta uma
conversa privada em que, num tom jocoso, se vangloria dos seus avanços sexistas, numa demonstração de fanfarronice machista típica daqueles privilegiados que se habituaram a ter o que querem, quando querem e como querem sem nunca olharem a meios para o atingir e saindo sempre impunes não obstante os meios predatórios empregues, Trump sobe nas intenções de voto e na simpatia e empatia geradas com o seu eleitorado.
Nesta ascensão de Trump encontra-se muito da genuína
génese das pessoas que fazem deste um mundo “Trumperiano” e que adoraria ilustrar com uma citação do mais recente nóbel da Literatura mas que, por falta
de conhecimento aprofundado da sua obra literária cantada, não o conseguirei
fazer…Ao invés, e por também achar que mais se apropria e adequa ao pretendido,
deixarei essa ilustração citada a cargo, não do respeitadíssimo e venerado
cantautor mas do bêbedo e putanheiro poeta Charles Bukowski:
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