quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A cronologia de uma morte adiada: O Capitalismo de Último Reduto - Prelúdio

Carece de prelúdio o espírito que aqui se pretenderá dar à letra que de seguida será dactilografada (ou teclada), pelo que antes de passar à cronologia proposta permitam-me esse mesmo prefácio, que se constitui no seguinte:
A raiz filosófica e identitária do Capitalismo, do Livre Mercado e da Iniciativa Privada, funda-se no conceito de ganância humana. Adam Smith, filósofo “pai do Capitalismo”, determinou que era esta a característica intrínseca da condição humana que ditaria uma organização economico-social suportada pela iniciativa privada. Diz-nos Adam Smith que é por se poder contar com a ganância do outro que podemos esperar desse mesmo outro que faça o melhor para o seu próprio proveito pessoal e que em última análise se todos assim se comportarem, tal não deverá ser combatido ou refreado, pois gerará benefícios para a sociedade como um todo, na medida em que essa mesma ganância levaria a todos quererem fazer melhor do que o outro o que conduziria a um processo evolutivo proveitoso do ponto de vista social,  porquanto todos passariam a fazer melhor que anteriormente. Assim, a civilização não só deveria caminhar rumo a este modelo economico-social como caminharia ela própria naturalmente para ele, movida pela sua força motriz, a ganância humana, que por intrínseca à condição humana torna a solução capitalista não só desejável como também inevitável, e que combater esta solução seria sempre algo contra-natura e portanto artificial, imposto e logo prejudicial.

Do Capitalismo Mercantil ao Capitalismo Industrial e deste ao Capitalismo Financeiro, o Capitalismo sempre conseguiu adaptar-se e, qual parasita, arranjar novos hospedeiros que pudesse sugar até a saciação da ganância humana que o alimenta; fossem as trocas comerciais, fosse a produção industrial ou fosse, como no exemplo mais recente, a especulação financeira. Na “trama” desta cronologia incidirei sobre este último estágio evolutivo do capitalismo, o do Capitalismo Financeiro, para ilustrar a capacidade parasitária de resiliência deste modelo e de como dela resultou e brotou um novo estágio do capitalismo, o Capitalismo de Último Reduto.

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